outubro 02, 2010

Inquietação

Enquanto o país nos é apresentado como uma loja falida num centro comercial - bem tapada com um cenário idílico para esquecer o drama- apodera-se de muito português um tremendo desalento e medo do futuro.

Os que pretendem nascer são mortos, os que estão vivos são esfolados até à planta dos pés por um fisco insaciável e os que chegam a velhos vegetam em casas de morrer ou ficam abandonados num hospital.

A razão do desapontamento não é para menos:

- Os políticos estão completamente desacreditados: não mobilizam ninguém a não ser a clientela de serviço e mais alguns arregimentados por fanatismo político.

- O "sucesso" é agora visto mais como uma questão de sorte e de amizades convenientes do que do trabalho e esforço;

- A geração que sai das universidades mal sabe escrever e ainda menos fazer contas básicas sem calculadora;

- O Ensino Secundário é mau e o ensino profissional um absoluto desastre. Os alunos passam o tempo das aulas na conversa, os intervalos durante o dia nos centros comerciais a comer hamburgers e kebabs e a noite nos bares a beber cerveja e shots;

- A comunicação social perdeu a alma: encosta ao poder para não ter problemas e beneficiar do orçamento de Estado;

- A Justiça é de meter medo e não vale a pena recorrer a ela: só traz problemas, perda de tempo e frustrações.

- A criminalidade, agora quase silenciada na comunicação social, aumenta e ninguém anda seguro na rua ou ou na própria casa;

- Poupar é quase um crime: ter uma casa, um carro e uma conta bancária é meio caminho andado para ser estuprado pelo fisco;

- As pessoas andam sem rumo desorientadas por discursos e práticas que se contradizem. Refugiam-se em novelas, reality shows e revistas do coração desistindo de interpretar o que ocorre à sua volta e as respectivas consequências;

- As asneiras dos dirigentes e meliantes são lavadas por entrevistas na comunicação social, páginas inteiras de jornais e programas de televisão. A verdade fica escondida e as referências morais e éticas são tão vagas que quase não existem.

Mas pior que tudo isto: não se vê uma réstia de esperança.

Como diz o meu amigo da Galiza:
- Os nossos filhos vão ter que imigrar. Não temos futuro!

1 comentário:

Francisco Vilaça Lopes disse...

Oh Lura, há esperança sim, senhor! É de aproveitar a canditura do José Pinto-Coelho, que ainda está por oficializar e precisa de assinaturas. Vale!