outubro 12, 2011

Conversa com crianças

Cada lar deveria ter uma criança com 6 anos ou menos. Os diálogos que temos com elas são sempre frontais e honestos: a inocência tira a maçada da maioria das restantes conversas e o nosso discurso torna-se mais criativo.

Este fim de semana o pedreiro trouxe a miúda com ele. Ela gosta de trepar a camioneta e sempre que pode esgueira-se com o pai. Primeiro entrou em casa um pouco pressionada pelo cão mas pouco depois estava a sair. Voltou de novo a entrar pelo mesmo motivo e eu prendi o bicho que é aliás um "paz de alma". Mesmo assim aproveitou a bola saltitona para brincar um pouco. Saiu de novo: deu uma volta, espreitou os arrumos e abriu a tampa da compostagem.

Cortava uns paus com a serra e ela foi ajudar.
- Olá. Ajudas-me?
- Chim. Como vais levar os ramos?
- Nos braços ou no carro de mão!
- O meu pai usava o tractor. Tem dois tractores!
- Não vale a pena. É para levar aqui para pertinho.
- Pois.
- Tens uma avó?
- Tenho três avós! (comia dois figos entretanto)
- Não pode ser! Está-me a enganar.
- Não estou não. É a avó Joana, a avó Maria e avó Joaquina.
- Estás-me a enganar. Quantas mães tem a tua mãe?
- Uma
- Quantas mães tem o teu pai?
- Uma.
- Uma mais uma dá duas. Tu dizes três!
- Falta a avó da minha mãe!
- Ah. É bisavó!
- Isso. A avó Joana dá-me Cruáxans! A avó Maria figos e a avó Joaquina não me liga nenhuma.
- É velhinha não é?
- É. 
- Tens sorte em teres as avós todas! Há muitas meninas que não têm?
- Sim. Algumas já estão no chéu.
- Andas na escola?
- Chim
- Já sabes letras?
- Chim. o i de máquina, o i maiúsculo e o i minúsculo


Vestimos-lhe um casaco dos miúdos e as mãos ficaram dentro das mangas. Saiu a mastigar uma barrita com pintarolas que não largou ao subir para camioneta quando o cão, a pedido dela, já andava de novo à solta . Soube que disse à mãe ter a intenção de voltar. Faz bem... mata as minhas saudades de tanta candura.

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