outubro 29, 2013

E um gato na frontaria?

Uma "matilha de pais" juntou-se à porta de uma escola. É comum esta nova geração de pais acudir aos rebentos como se eles sofressem de ataques de pânico recorrentes na Escola. Falta uma auxiliar, o aquecimento não funciona, o ar condicionado não funciona, falta um professor, as casas de banho não funcionam ... os pais acodem como se fosse o fim do mundo!

Que faziam estes pais "indignados"? Protestavam pelos rebentos terem mais horas de trabalho e menos para a brincadeira. Mas de onde vinha a aflição maior dos progenitores? As criaturinhas, sábias futuras imitadoras das indignadas, não tinham tempo para as actividades extra-curriculares!! Que actividades? Hip-Hop, Balet, Dança e .... por aí

Como diz o meu pai desta ridicularia e afins ..."estão mal habituadas"

3 comentários:

José de Magalhães disse...

Eu gostaria de ver V. Exa. fechado numa sala duas horas e meia seguidas com crianças de seis ou sete anos e, mesmo assim, conseguir ensinar alguma coisa às ditas. Dava-lhe uma semana... Se calhar ao segundo dia já andaria a arranjar motivos para atestado médico!(tente visitar uma escola do 1ºciclo, vá uma das salas em plena laboração, observe, ...) Nós "os mal habituados" professores é que sabemos os problemas das escolas. Querem criticar, tudo bem. Mas primeiro certifiquem-se do que estão a falar. Conheço muito poucos adultos que tenham "pachorra" suficiente para apanharem "secas" de duas horas e meia sem um (ou mais do que um) intervalinho para o café... Não pretendo melindrar ninguém. Apenas quero sublinhar que quando a escola de um país anda mal nada do que vem depois poderá estar bem. Obrigado.

Lura do Grilo disse...

Carop José de Magalhães

A minha crítica era com pais tremendamente preocupados com a falta de tempo para brincarem e depois levarem-nas para actividades extra-curriculares: uma, duas ou três como vi em alguns casos. Critico também o nervoso miudinho quando falta alguma coisa: eu não tinha aquecimento, nem ar condicionado, nem autocarro, nem carro nem cantina.

"fechado numa sala duas horas e meia seguidas com crianças": todas as profissões tem os seus problemas. O homem que recolhe o lixo aguenta um pivete durante horas seguidas, o electricista uns esticões, o veterinário umas mordidelas, etc. Já se falar em indisciplina recordo que muito professor manipula alunos ao protesto, faz greves, ensina ideologia nas aulas de história, não corrige exames, etc .. não pode pedir responsabilidade e dever quando não cumpre com a responsabilidade e o dever do qual deveria dar testemunho.
É ainda hipócrita que o sindicalista mais visível dos professores não dê aulas vai para duas décadas e seja compadre de ditaduras onde os professores ganham uma miséria, não podem fazer greves nem há sindicatos livres.

José de Magalhães disse...

Nunca tive problemas com a disciplina. Não sou sindicalizado. Nunca fiz greves nem participei em manifestações ou convívios similares. E ao contrário do que muitas vezes pretende o estado, ainda que de modo encapotado, jamais transmiti ideais políticos ou religiosos aos meus alunos. Corrijo os testes de modo justo. E se algum dia me fartar da profissão vou-me embora. Se calhar volto à automação industrial e aos meus tempos de electricista. Em relação às duas horas e meia... O problema é técnico. Caso queira consultar as metas curriculares para o ensino básico depressa (nem é preciso ser da área) percebe que não é possível transmitir tal volume de conteúdos mantendo as crianças com níveis aceitáveis de concentração durante períodos de 120 ou 150 minutos durante cinco dias por semana. Tenho filhos pequenos e quero o bem deles e o das próximas gerações. A maior parte dos professores deste país são óptimos profissionais sem tempo para irem choramingar para as televisões onde andam colegas nossos entretidos a demolir o prestígio e o recato que a docência deve ter. Aguento melhor o pivete do lixo do que o perfume caro dos burocratas que tomam decisões sem saber o que andam a fazer. Mais uma vez obrigado.