junho 15, 2014

A dor indissociável da vida

Parece que o PSD e o PS vão legislar para as barrigas de aluguer. O Mundo está a ficar cada vez mais perfeito, indolor, asséptico, justo e com igualdade sem par. A felicidade cresce a cada dia que passa com estas maravilhas: é bom irmos todos ao restaurante e não haver ninguém a cozinhar, termos a casa limpa e ninguém ter que a limpar, os talheres e os pratos voarem da mesa à maquina de lavar e vice-versa sem trabalho, sermos todos campeões dos 100 m sem sair do sofá ... perfeito.

Já agora vale a pena ler tudo: do Blog Maldade destilada.

Mas divaguei… Minha ideia central é a dor, o sofrimento. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, principalmente as mais jovens, a essência da vida não é ser feliz. Quem vive correndo atrás da felicidade, conceito aliás bastante subjetivo e de difícil medida, não se dá conta de uma verdade absoluta, que atinge todas as pessoas deste mundo: só existem duas certezas na vida de um ser humano, a de sofrer, e a de morrer. A nossa natureza má garante a presença da dor em toda a nossa história de vida – por vezes nós a infligimos a nós mesmos, por vezes aos outros. E sobre a morte não há muito o que dizer: ela é implacável e invencível.

Tire de uma pessoa a certeza da dor, prometa-lhe felicidade, e ela não terá mais instrumentos para evoluir. Confronte uma pessoa com a inexorabilidade da dor, desafie-a à superação, convença-a de suas responsabilidades individuais, e pode ser que ela faça o mesmo com alguém. Quando a soma dessas pessoas for superior a das primeiras, poderemos pensar num mundo um pouco melhor. Até lá, teremos que nos contentar com Lulas, Dilmas e companhia. Se isso não é sofrer, não sei mais o que é.

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