maio 28, 2016

O aneurisma da sociedade

Os tempos são de nojo: uma qualquer perturbação mental é causa da esquerda; os animais são mais defendidos que as pessoas; só há esquerda e a direita é sempre de extremos; os direitos abafam as obrigações; as instituições mais bem sucedidas são atacadas por todos os lados; a solidariedade é discurso mas cada classe defende o seu nicho como um ninja (veja-se os estivadores); um branco vale menos que um preto; um refugiado tem mais regalias que um autóctone; a justiça tem dois pesos e duas medidas; a sociedade é conduzida pelos desocupados e agitadores ou uma elite que nada fez na vida a não ser discurso fútil e populista;  etc, etc.

O jovem David Duarte morreu de um aneurisma. Poderia ter morrido de qualquer forma mas, ao que parece, não teve assistência médica. Autoridades ligadas aos médicos -que frequentemente reclamam especificidade da profissão, o desgaste de trabalho por turnos e outras contingências próprias da profissão que seguiram- vieram sacudir a água do capote.

Eu, um cidadão comum, se abandonar um sinistrado numa estrada posso ser perseguido pela justiça. Os médicos, segundo os seus dirigentes, parece serem uma classe que sai incólume num caso a que tinham obrigação de prestar assistência. Bastava pegar num telefone e chamar quem deve, por ser pago para tal, para prestar assistência! Não: ficam-se pelo egoísmo dos turnos, dos destacamentos, das conveniências pessoais, das desculpas esfarrapadas.

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